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Desde o início que acreditam que o sucesso está no cooperativismo e, hoje, o Grupo Abegoaria tem participação em 17 empresas e um vasto portefólio de vinhos, azeites, enchidos e queijos, que levam a portugalidade para todos os cantos do mundo.
A história da Abegoaria funde-se com a história da família Bio e com a paixão pelas suas origens, bem como pela preservação da sua identidade e das suas gentes. Em 2007, Manuel Bio, acreditando que quem melhor defende a identidade local e os pequenos agricultores é o associativismo e o cooperativismo, ao ajudar a dinamizar a economia local e a reter as populações, assume a presidência da Adega Granja Amareleja. Esta é hoje responsável por 95% da produção da região. Manuel Bio desenvolve, mais tarde, novos projetos, primeiro no Alentejo, depois no Douro, Lisboa, Tejo, Dão, Vinhos Verdes e, brevemente, nas regiões do Algarve e dos Açores.
Em 2021, o grupo tem participação em cerca de 17 empresas e é vasto o seu portefólio de vinhos, azeites, enchidos e queijos. Mas é nos vinhos que a gama é mais diversificada: dos verdes aos alentejanos, com marcas de grande impacto comercial como: o Portal de São Braz, Piteira, José Piteira, Terras de Suão, Maria Ana, Granja Amareleja, Abelharuco, Herdade do Gamito no Alentejo; Quinta de Vale de Fornos no Tejo; Fonte da Perdiz e Alijó no Douro; e, recentemente, as marcas Porta 6, Brutalis, Zavial, Reserva dos Amigos, Júlia Florista e Maria Mar, em Lisboa.
Em setembro deste ano adquiriram a Vidigal Wines, dado o conhecimento e posicionamento que aquela empresa já tinha no mercado externo e o facto de se localizar na região dos vinhos de Lisboa, uma das que mais crescem além-fronteiras. “A concretização do negócio foi facilitada pela grande empatia com o mentor da empresa, António Mendes Lopes, na forma como gere o negócio e as suas equipas, agora nossas equipas”, refere Manuel Bio, CEO do grupo.
Desde o início que a empresa está focada em desenvolver produtos com excelente relação preço/qualidade e direcionados para o consumo diário, ao mesmo tempo que vai buscar o melhor que se fazia no passado, como recuperar a tradição da casta Moreto na margem esquerda do Guadiana, comercializar o Vinho de Talha – feito da mesma forma que os romanos o faziam há 2000 anos –, assim como a tradição do Moscatel de Alijó, na região do Douro. É este respeito pelas origens que faz com que o seu modelo de negócio difira de outros players do mercado, pois tem levado ao desenvolvimento de projetos locais através de aquisição/arrendamentos ou parcerias com produtores das regiões, que contribuem com a qualidade da matéria-prima para a produção, e para o seu desenvolvimento socioeconómico.
De forma a acompanhar as exigências de um público cada vez mais atento aos produtos que consome, bem como das políticas de sustentabilidade que têm vindo a ser implementadas, em nome da defesa da sustentabilidade do planeta, estão a iniciar a construção de uma nova ETAR na Adega da Granja onde, após tratamento, as águas são reaproveitadas para rega de espaços ajardinados. “A Vidigal está neste momento a trabalhar num projeto de certificação internacional de sustentabilidade e acabou de lançar um vinho na Suécia, em garrafa PET especial com uma pegada de carbono inferior ao vidro”, destaca Manuel Bio. No que diz respeito à transição energética, todos os sites estão em alteração para iluminação LED e, nos próximos dois anos, irão colocar energia solar em quase todos os seus espaços produtivos.
Os desafios do tempo presente
A primeira e grande dificuldade dos tempos modernos é a captação de recursos humanos de talento, “devido à inexistência de boas redes de saúde, infraestruturas para práticas de desporto, cultura e lazer”, lamenta o CEO do Grupo. Acrescenta ainda que, “sem uma alteração do poder central, será quase impossível não caminhar para a desertificação total, obrigando-nos a repensar o negócio e alterar a sua localização”. Mas procuram ir contrariando a tendência e fazer a sua parte, ao recrutar quadros profissionalizados e deslocá-los para o interior com boas condições salariais. Procuram oferecer empregos permanentes para os vários níveis de colaboradores e com seguros de saúde, para colmatar a fraca oferta de serviços de saúde que existem no interior.
Outro grande desafio tem sido a pandemia causada pelo vírus covid-19, que continua a destabilizar pessoas e setores, mas que, aqui, não desacelerou a vontade do Grupo Abegoaria de crescer, levando-o a refletir sobre os canais de vendas existentes e a apostar no online, com foco na exportação, via equipa interna e aquisição da Vidigal. Neste ponto, os clusters de competitividade “são de uma importância vital para o futuro do Grupo Abegoaria, mas também de Portugal em geral. Se queremos ganhar relevância no exterior, temos de trabalhar incessantemente no nosso aumento de produtividade, via melhores condições para os trabalhadores, I&D, inteligência artificial e automação. Tudo isto só conseguiremos com apoios públicos através de projetos cofinanciados”, conclui Manuel Bio, CEO do Grupo.
Ano da fundação: 2007
Fábricas/áreas de produção: Adega – Granja Amareleja, Quinta de Vale Fornos (Azambuja), Herdade da Madeira Velha (Évora Monte), Adega Cooperativa de Alijó, Vidcavea – Azeites da Vidigueira, Herdade da Abegoaria (Mourão), Herdade da Charnequinha (Moura), Vidigal Wines (Leiria), Herdade do Gamito (Alentejo) e Sabores de Barrancos.
Principais clientes: Distribuição moderna, em Portugal (Jerónimo Martins, Sonae, LIDL, Auchan Dia-Minipreço, Audi, Makro, etc.) e exportação para mercados como UK, Brasil, Rússia, Canadá e Estados Unidos.
Quantidade de produção/ano: vinho de produção própria de 8 M litros, compra a terceiros de 12 M litros. Transformação de 8 milhões de quilos azeitona anualmente.
Volume de negócios em 2020: aproximadamente 30 milhões de euros.
Peso das exportações em % da faturação: cerca de 35%.
Presença direta em quantos países: presença direta num único país, restantes países com parceiros locais, atualmente são mais de 30.
Previsão do volume de negócios para 2021: rondará os 50 milhões de euros.
N.º de empregados: cerca de 200