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Casa Ermelinda Freitas: tradição e competitividade

Leonor Freitas, sócia-gerente da Casa Ermelinda Freitas

Notícias

Casa Ermelinda Freitas: tradição e competitividade

Fazem questão de trabalhar com o coração, sem esquecer que a inovação é determinante para manter a competitividade. História de uma empresa familiar que conquistou o mundo dos vinhos.

São 550 hectares, com mais de 30 castas, que se perdem de vista em Terras do Pó, perto de Setúbal. É aqui que fica a Casa Ermelinda Freitas, um exemplo de sucesso e inovação na área do vinho e que tem contribuído para a prosperidade da economia local e nacional, através do volume crescente das suas exportações. A história desta marca está intimamente ligada à família que a tem levado para a frente, com destaque para as mulheres que a têm dirigido.

Se a plantação de vinhas em Terras do Pó já data do séc. XIX, o estabelecimento e gestão da adega, por Leonilde de Freitas, é um pouco posterior e data de 1920. Foi a sua filha Germana quem lhe seguiu as pisadas, depois sucedida pelo seu irmão, Manuel João de Freitas Júnior. Este casou com Ermelinda – a quem a Casa deve o nome –, mas morreu muito cedo, levando a que a sua filha acabasse por ficar à frente dos destinos da empresa. Inicialmente, esse não era o seu plano, mas a morte prematura do pai levou-a a ter de tomar uma decisão: “Decidi vir, para não termos de vender e para dar continuidade ao seu trabalho, amor e dedicação”, lembra Leonor Freitas, sócia-gerente da Casa Ermelinda Freitas.

As vinhas que herdou das gerações anteriores, e que mantém, são um dos pontos de diferenciação ao nível de qualidade e de tipicidade: “Procuro sempre que os meus vinhos tenham o máximo de qualidade e preço justo. Foi o que sempre procurei e, felizmente, tenho tido bons resultados”, refere. O desafio principal tem sido, e continuará a ser, a capacidade de se manter competitiva. “Eu vejo o negócio do vinho como um negócio familiar e empresarial; ponho sempre, em primeiro lugar, toda a afetividade familiar que o negócio tem tido, mas numa perspetiva de tornar a empresa competitiva e profissional. Sei que, se a minha empresa não for competitiva, principalmente na qualidade e no preço dos produtos, nunca terá um grande futuro.”

O foco está na aposta nas novas tecnologias, mantendo o respeito pela tradição, a formação dos colaboradores e a contratação de pessoas com formação para as várias áreas da empresa. “Procuro passar a mensagem, que recebi das três gerações anteriores, de respeito pelo próximo, deixando também o agradecimento aos consumidores que nos ajudam.”

Naturalmente sustentável

O respeito pelo próximo traduz-se, também, no respeito pelo ambiente. “Nos dias de hoje, qualquer empresa responsável tem de ter como um dos seus principais objetivos e preocupações a sustentabilidade, pois será com o equilíbrio do planeta que conseguiremos continuar a trabalhar, e seremos dignificados pela sociedade”, acredita Leonor Freitas. “A nossa primeira preocupação começa com a plantação da vinha e todos os tratamentos que fazemos, aplicando produtos amigos do ambiente que respeitam a fauna da nossa região (Península de Setúbal); na bordadura das parcelas de vinhas, mantemos os refúgios existentes para conservar a biodiversidade. Além de poupar o ambiente, a fauna e a flora, também nos permite ter uma uva mais estável e por consequência um produto final mais natural.”

Esta sustentabilidade estende-se à maquinaria empregue na atividade, avaliando todos os os gastos de energia e de água, bem como a utilização de produtos menos agressivos, como a opção de desinfetar as máquinas com recurso a água quente e não através de químicos. “A nossa preocupação não é de agora, mas de sempre, pois desde o início que temos uma ETAR a tratar as águas residuais, de modo que elas tenham as condições necessárias para serem lançadas na rede.” Além disso, metade da energia elétrica utilizada é proveniente de painéis solares fotovoltaicos, que se encontram no telhado do centro de vinificação. As rolhas de cortiça são provenientes de uma produção sustentável, na qual foi envolvida a estrutura celular inigualável da cortiça com tecnologia sofisticada, respeitando simultaneamente o trabalho da natureza e a integridade do material. “Ao fazermos isto mantemos a sustentabilidade dos sobreiros e dos corticais, que, para continuarem a crescer, necessitam que se vá retirando a cortiça, permitindo a continuação dos mesmos”, diz Leonor Freitas. Promovem igualmente a reciclagem dos materiais utilizados, como cartão, vidro, plástico, rolhas, paletes, etc. “E temos um protocolo com o Ponto Verde, em que contribuímos com uma taxa, para que seja feita essa reciclagem, permitindo assim uma reutilização de todos estes elementos”, acrescenta. Em todos os contrarrótulos e caixas existem ainda indicações sobre como se pode fazer a reciclagem dos produtos, para incentivar o consumidor final a fazê-la também.

Novidades em ano desafiante

Todos os anos, e quando consideram que se atingiu a qualidade pretendida, é lançada uma novidade. Este ano, lançam o Vinha do Torrão Reserva Branco, um vinho diferenciado, com base na casta Alvarinho e que já se encontra no mercado. Outra novidade será o Terras do Pó Branco Reserva, com base na casta Sauvignon Blanc.

“Mantendo a tradição, continuamos a apostar nas grandes castas da região Fernão Pires, nos brancos, e o Castelão de Vinhas Velhas, nos tintos, que produzem vinhos únicos. Aqui, onde a minha família me deixou as vinhas, é o berço do Castelão da região”, lembra Leonor Freitas. “Normalmente, e devido à vantagem de possuir vinhas velhas, ou vinhas de castas raras e únicas em Portugal, utilizamos estes dois elementos para criar vinhos diferenciadores, e também para melhorar os meus vinhos de topo. Como, por exemplo, o Carménère, uma casta de origem chilena, que se tem dado muito bem nos terrenos arenosos da Península de Setúbal e que tem deslumbrado e fidelizado os nossos consumidores; o Gewürztraminer, casta de origem na Alsácia que, devido ao sol da nossa região, fica com mais maturação e presença de fruta, no nariz tem rosas, na boca deslumbra com o sabor a líchias.”

Numa altura em que muitos projetos tiveram de ser adiados, também o enoturismo na Casa Ermelinda Freitas sofreu um revés, mas começa agora a voltar à atividade, seguindo as medidas de saúde aconselhadas pela Direção-Geral da Saúde.

  • Vinhas e adega da Casa Ermelinda Freitas.

    Vinhas e adega da Casa Ermelinda Freitas.

  • Jardim pedagógico nas vinhas da Casa Ermelinda de Freitas, em Palmela, Setúbal.

    Jardim pedagógico nas vinhas da Casa Ermelinda de Freitas, em Palmela, Setúbal.

  • Garrafas de vinho Casa da Ermelinda Freitas Terras do Pó de 2013 a 2105 em exposição no evento gastronómico. garrafa de vinho. rosé. branco. tinto. verde.

    Garrafas de vinho Casa da Ermelinda Freitas Terras do Pó de 2013 a 2105 em exposição no evento gastronómico. garrafa de vinho. rosé. branco. tinto. verde.

A competitividade como motor

A competitividade da Casa Ermelinda Freitas é já uma realidade: “Temos uma escala grande, uma mecanização quase completa e um know-how muito avançado no negócio. Mas, no entanto, pode haver fatores exteriores que podem afetar a competitividade, sendo eles fatores legislativos impostos (adegas alfandegárias, etc…), ou fatores económicos, como o preço dos combustíveis ou das matérias subsidiárias (vidro, cartão, cortiça e madeira) que não controlamos. Aí é fundamental que a Europa, e sobretudo Portugal, olhe para o equilíbrio destes custos, pois, caso exista uma grande diferenciação entre nós e os países competidores, vamos perder certamente.”

Leonor Freitas acredita, por isso, que a existência de um cluster competitivo e dinâmico é tão essencial à competitividade e dinamismo das empresas que dele fazem parte, como da região em que se inserem. “Eu tive a sorte de estar situada numa zona da Península de Setúbal rica em qualidade, com competitividade de vinhos, rica em empresas com dinamismo. Esta competitividade é saudável e faz-nos crescer a todos.” Lamenta, porém, que o setor seja, por vezes, penalizado, por ser visto como se de apenas vinho se tratasse. “Mas é muito mais do que uma garrafa, tem o trabalho de várias áreas. Atrevo-me até a dizer que é o setor que mais envolve outros setores para poder apresentar um produto no mercado. Envolve toda a sociedade.”

É este sentido de união, de trabalho para um mesmo objetivo, que move a Casa Ermelinda Freitas e que a pandemia, provocada pelo vírus covid-19, veio reforçar. “Ao fim ao cabo, o que esta pandemia nos trouxe foi a união, a reflexão da equipa na luta por novos mercados, novas tecnologias e novas atitudes, de modo que possamos vencer aquilo que nos era desconhecido. Só com união e boas práticas pensamos ser possível.”

Outros projetos da marca

Quinta do Minho – Póvoa de Lanhoso

Este projeto é uma continuidade da grande parceria entre Leonor Freitas e o enólogo Jaime Quendera. Nasceu em 1990 em Póvoa do Lanhoso perto de Braga, tendo resultado da fusão de duas das mais antigas quintas ali existentes: Quinta do Bárrio e Quinta da Pedreira. A casa principal remonta ao séc. XVIII e tem vindo a ser gradualmente recuperada para apoio a atividades ligadas ao turismo vitivinícola. São 40 hectares com um "terroir" típico do Alto Minho. O seu vinho verde, elegante e fresco, tem por base a casta Loureiro, rainha desta região. 

Vinho do Douro – Quinta de Canivães

Em 2018, com a aquisição da Quinta de Canivães, Leonor Freitas concretizou um sonho de longa data: ter uma quinta no Douro. Esta antiga quinta localiza-se na margem esquerda do Douro, perto de Vila Nova de Foz Côa, sendo conhecida como Quinta do Porto Velho, pois possui um pequeno porto onde as pequenas embarcações atracavam. Com a dimensão de 50 hectares, possui 20 hectares de vinha de diversas idades, composta pelas mais nobres castas tintas, e 4,5 hectares de olival de onde se obtém azeite de elevadíssima qualidade. Este projeto é também a continuidade da parceria entre Leonor Freitas e o enólogo Jaime Quendera.

Os prémios da Casa Ermelinda Freitas

Para comprovar a qualidade reconhecida dos vinhos da Casa Ermelinda Freitas, temos os mais de mil prémios nacionais e internacionais atribuídos à empresa nos últimos anos, entre eles a coroação do melhor vinho tinto do mundo na competição: Vinalies Internationales 2008, atribuído ao vinho tinto Syrah 2005 em 2008.

Desde 1999 que os vinhos da Casa Ermelinda Freitas já conquistaram mais de 1.500 prémios a nível nacional e internacional.

2020 – Casa Ermelinda Freitas é eleita Produtor Europeu do Ano pelo Sommelier pela segunda vez consecutiva no famoso Concurso Inglês Sommelier Wine Awards 2020.

2020 – 100 Anos de Vinhas & Vinhos, da Casa Ermelinda Freitas

2020 – Leonor Freitas é eleita Personalidade do Ano na Agricultura, pelo Prémio Nacional de Agricultura 2019

2019 – Casa Ermelinda Freitas é eleita Produtor Europeu do Ano pelo famoso Concurso Inglês Sommelier Wine Awards 2020.

2018 – Casa Ermelinda Freitas conquista o Prémio Agricultura 2018 na Categoria Empresas.

2018 – Leonor Freitas vence a 1ª Edição do Prémio Mulher Empresária BPI.

2017 – Leonor Freitas é condecorada com o Prémio Mercúrio – Prestígio, pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal pela Escola de Comércio de Lisboa, sendo este prémio o mais alto atribuído por esta organização.

2017 – Leonor Freitas é capa da Forbes em Portugal.

2015 – Casa Ermelinda Freitas é classificada como a terceira melhor adega portuguesa e a 24ª mundial pela Associação Mundial de Escritores e Jornalistas de Vinhos.

2014 – A Casa Ermelinda Freitas ganha o prémio de melhor empresa pela Revista de Vinhos.

2014 – Leo d'Honor 2008 é considerado um dos vinhos top 30 pela Revista de Vinhos.

2014 – O Moscatel de Setúbal Superior 2003 atinge o 36º lugar do Top 100 Wines of the World 2014. 

2013 – O crítico de vinhos Olly Smith coloca o Dona Ermelinda Branco 2011 na lista dos 50 melhores vinhos portugueses.  

2009 – Leonor Freitas tem a grande honra da atribuição da Comenda de Ordem de Mérito Agrícola no dia 10 de junho de 2009, atribuída pelo Presidente da República Cavaco Silva.

Factos e números

Ano da fundação: 1920
Localização da sede: Casa Ermelinda Freitas – Vinhos, S.A., Fernando Pó (Águas de Moura)
Áreas de produção: Casa Principal: Casa Ermelinda Freitas – Vinhos, S.A. Vinhas: 550h Castas: + de 30. Quinta do Minho (Póvoa do Lanhoso): vinho verde. Quinta de Canivães (Douro Superior): vinho do Douro.
Volume de negócios em 2020: 34 milhões
Peso das exportações em % da faturação: 35%
Presença direta em quantos países: mais de 40, sendo os principais Inglaterra; EUA; Polónia; Brasil; Holanda; Luxemburgo.
Previsão do volume de negócios para 2021: 40 milhões
N.º de empregados: 70 colaboradores
N.º de empregos criados indiretamente pela ação da empresa: imensurável pois envolve muitos setores, como transportes, cartão, vidro, madeira, papel, agricultura, etc…