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Adega de Pegões: um vinho com raízes na Pré-História

O enólogo Jaime Quendera fotografado junto às pipas de vinho nas caves da Cooperativa Agrícola Santo Isidro De Pegões.

Notícias

Adega de Pegões: um vinho com raízes na Pré-História

As raízes das vinhas da Adega de Pegões estão literalmente plantadas na Pré-História, num solo formado ao longo de milhões de anos, o que lhe confere características únicas no mundo.

Com mais de 60 anos de história, a Adega de Pegões é hoje uma adega competitiva, que acompanha as novas tendências do gosto e da produção de vinhos. Reconhecida a nível nacional e internacional, possui uma área vinícola de 1.117 hectares que produzem em média 12 milhões litros/ano, sendo 70% de uva tinta e 30% de uva branca.

As vinhas estão plantadas numa zona de areia, entre a foz do rio Tejo e do rio Sado, onde há milhões de anos era o mar, no que é chamado o Pliocénico de Pegões. “Estas areias são pobres em alguns nutrientes, mas ricas em água, um fator muito importante numa zona quente como esta, e que traz como grande vantagem terem uma maturação muito homogénea. Além disso, como estamos próximos do mar, também podemos contar com a brisa marítima, que não deixa atingir temperaturas extremas”, conta Jaime Quendera, enólogo e gerente da cooperativa. Produzidas nestas condições, as uvas são de excelente qualidade, “o que diferencia claramente os vinhos de Pegões”.

Com olho no mercado

“É a maior adega cooperativa de vinhos de Portugal, temos a maior área por agricultor, e o grande desafio que temos vindo a enfrentar é o seu contínuo crescimento nos últimos anos”, revela. “A internacionalização dos nossos vinhos é um dos maiores desafios, sendo que estamos a apostar cada vez mais no mercado externo, em quantidade e em qualidade. O que queremos é ampliar a produção e as vinhas, modernizar a adega e mecanizar o processo para sermos competitivos à escala global”, diz. Ainda assim, é preciso estar atento às novas tendências e às exigências do mercado para garantir o sucesso da produção e o escoamento do produto. “O nosso portefólio é adaptável em função de dois ou três parâmetros: um é claramente o mercado, que diferenciamos consoante as regiões para onde vendemos. Não é a mesma coisa exportar para as Filipinas, para a China, para o Japão, ou para Inglaterra. Estamos em criação contínua, o que leva não só a novos produtos, mas também à perda de continuidade de outros.” Jaime Quendera não é apenas enólogo, mas também responsável comercial da empresa e tem como missão “andar pelo mundo e conhecer as tendências atuais, para as poder introduzir antes de cá chegarem”, explica. Adianta que, na última década aumentou o consumo de vinhos brancos, leves e frescos, em detrimento de outros, mais fortes, ou destilados. E, no último ano, fruto da pandemia provocada pela covid-19, houve um maior movimento de compra de vinho em supermercados. “Deu-se uma mudança radical de hábitos: a pandemia enfiou as pessoas em casa, a consumir o que está à venda no supermercado.” De qualquer forma, conseguiram acompanhar e “até somos a adega que mais vende nos supermercados em Portugal em volume, e a segunda que mais vende em valor”.

Jovem na estratégia e na mão de obra

A par das novas tecnologias e de um esforço para a mecanização dos processos, a adega tem também uma força de trabalho ajustada aos novos tempos. “Temos vindo a crescer com jovens licenciados e trabalhadores novos, entre 30 e 40 anos, que estão perfeitamente adaptados aos novos processos e tecnologias”, garante Jaime Quendera. Procuram igualmente acompanhar as questões da sustentabilidade aliada à produção, embora o enólogo reforce que, se este é um assunto relativamente novo, no setor do vinho e da agricultura é uma prática antiga. “Fala-se muito disso agora, mas o vinho e o nosso setor agrícola são autossustentáveis. O vinho é o bem alimentar que menos produtos ‘estranhos’ ao vinho adiciona, o que faz dele um produto quase natural. Além disso, a tecnologia está cada vez mais evoluída, o que faz com que sejam necessários cada vez menos químicos.”

Produto competitivo

Acredita que têm um produto altamente competitivo: “A terra é extensiva, é plana, tem água e é tudo totalmente mecanizado. Temos o problema dos custos adicionais ao processo: os energéticos, os materiais essenciais e os impostos. São as políticas do setor que nos podem tornar mais ou menos competitivos. Se pagarmos energia 20 ou 30% mais cara do que em Espanha ou França, somos menos competitivos. Mas esses são fatores que não controlamos. Posso garantir que, dentro do nosso processo, dentro do que controlamos, somos competitivos.” Jaime Quendera acrescenta ainda que a questão de escala é igualmente determinante e a integração num cluster é decisiva: “Quando estamos a trabalhar nesta escala de maior dimensão, a competitividade da relação entre preço, segurança no produto, e volume produzido são fatores que também contam muito e é isso que tem feito a diferença. Toda a gente pode fazer bons vinhos, mas fazer milhões de garrafas de vinho de forma consistente e com presença constante no mercado é difícil. É isso que torna Pegões único.”

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  • Exterior da Adega Cooperativa de Santo Isidro de Pegões

    Exterior da Adega Cooperativa de Santo Isidro de Pegões

  • Adega da Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões, em Pegões Velhos, Montijo.

    Adega da Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões, em Pegões Velhos, Montijo.

  • Funcionária com garrafas de espumante

    Funcionária com garrafas de espumante

  • Vista da velha adega com conjunto de vinhos premiados. Garrafa de vinho.

    Vista da velha adega com conjunto de vinhos premiados. Garrafa de vinho.

  • Vista geral da loja das instalações.

    Vista geral da loja das instalações.

Quase cem anos de história

“A Adega de Pegões é um produto do Estado Novo português”, começa por explicar Jaime Quendera, enólogo e gerente da Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões, ou como é mais comummente identificada: Adega de Pegões. Inicialmente nas mãos de um grande proprietário rural e industrial de cerveja – José Rovisco Pais –, as herdades de Pegões são doadas aos Hospitais Civis de Lisboa, aquando a sua morte, por falta de herdeiros. Estava-se na década de 30. “Na década de 50 constroem um colonato em Pegões, com casas, igreja, barragem e até correios, incluindo uma adega, que era o centro da colónia”, continua Jaime Quendera. Segue-se uma fase mais conturbada no pós-revolução e uma quebra na produção, durante os anos 80/90. “Com a mudança de direção, com João Mário Figueiredo (que ainda hoje dirige) reformulou-se o projeto e, hoje, é a maior cooperativa de vinho em Portugal.”

Factos & Números

Ano da fundação: 1958
Fábrica: Pegões Velhos
Quantidade de produção/ano: 12 milhões de litros
Peso das exportações em % da faturação: 30%
Previsão do volume de negócios para 2021: 24 milhões de euros
N.º de empregados: 90
N.º de empregos criados indiretamente pela ação da empresa: mais de 200